domingo, 18 de julho de 2010

AS MÃOS DO MAESTRO

Morreu no início deste mês, em Uruguaiana, Cid Guez. Músico de grande sensibilidade e talento. Era pintor, também.

Meu amigo, foi o pianista que esteve comigo na memorável noite de Santa Maria em que vencemos a 5a. Tertúlia, com a música NOVA TRILHA, minha e do Nilo Brum.

A pedido do jornal Pampiano, de Uruguaiana escrevi o seguinte:



AS MÃOS DO MAESTRO

Há uma célebre frase da fadista Amália Rodrigues em que ela diz que foi a voz que lhe guiou a vida. Quanto ao Cid Guez, deve se dizer que foram as mãos. Ele era pianista e pintor. Derramou seu talento sobre o teclado do piano e sobre as telas, pelas mãos.

Benditas mãos as do maestro Cid Guez. Mãos limpas. Mãos puras. Mãos que só fizeram o bem e que embelezaram nossa cidade, com seus quadros e suas melodias.

Eu o conheci nas noites da minha juventude, quando animava bailes, com seu "San Beat" (será assim que se escreve?), ou no "Bardo Cid", onde mais ainda, demonstrava todo seu bom gosto e refinamento musical. A música nos unia.

Como poderemos recompensá-lo por tudo que nos deu de belo e nobre da sua arte? Uma estátua na praça? um nome de rua ou de uma sala de teatro? Vamos fazer o seguinte, conterrâneos: não vamos deixar cair no esquecimento a memória deste talentoso uruguaianense. É o mínimo que lhe devemos.

Discreto, como sempre foi, partiu no início da noite de um sábado. Sem acenos, sem despedidas, que as mãos de um maestro não gostam de dizer adeus.


João de Almeida Neto 
Porto Alegre, 8 de julho de 2010.

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